Peço desculpas pelo mau jeito, pelo sorriso mal dado, mas a importância de registrar-me presente era tanta que precisei incluir-me na foto. Mas pose para foto pede sempre sorriso – à espera do click ficamos sem graça se não demonstramos graça. Da parte de dentro, entretanto, um certo incômodo não permitiu que fosse, o sorriso, sincero. Sempre gosto de pensar que fazendo viagens pela Europa, conhecendo lugares, finalmente vivo a fantasia de entrar nos livros de História. Entre os destinos escolhidos para o fim de ano incluí um percurso não tão convencional, nada festivo, um turismo humanitário. O desconforto que se lê nesse esboço de sorriso é por estar diante de um campo de concentração próximo a Berlim e não saber exatamente como posar de turista em tal lugar. Por isso não apareço nas próximas fotos. Sem sorrisos.
Acompanhados pela guia refizemos o percurso dos prisioneiros. De início este não era um campo de extermínio, mas de trabalhos. Judeus, prostitutas, homossexuais e criminosos eram ali colocados e marcados de acordo à “categoria” (sendo os judeus os piores). Logo na entrada e diante da casa do responsável pelo campo recebiam seus números de identificação e pijamas, tinham suas cabeças raspadas e perdiam suas identidades. O início de um processo contínuo e repugnante de desumanização. Empurrados sob a filosofia de que o trabalho dignifica, ao cruzarem o portão entravam num inferno ao qual eu, sem dúvidas, não teria sido capaz de sobreviver. Leia o resto deste post →